segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Agora o homem-anjo tinha duas mulheres: a cotidiana, que nem notara as asas; a mágica, que voara nos braços dele nas noites raras.
Uma era a familiar e o conforto e lhe dava uma certa melancolia.
Outra era o sonho e o fervor que lhe causava inquietação.
Sempre que estava com uma, sofria achando que traía à outra.
Talvez fosse preciso amputar seus vôos.
Ou aprender que um homem pode ter sonho, e nele cultivar as suas árvores, e saborear seus frutos– ainda que sejam simplesmente magia.
Mas para alguns, a ser também um anjo, e ainda por cima encontrar um igual com quem dividir os horizontes e os ventos- sempre sempre sempre-, pode ser uma excessiva alegria, e o começo da condenação.
Pois o medo- não o tempo- é inimigo do amor.
{Histórias de Gente e Anjos- Lya Luft}

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